quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

paixao versus uma vida sem propositos

A pessoa movida por uma paixão poderosa, qualquer que ela seja, vive em momento de máxima força e máxima fragilidade.
Igrejas que deixaram de lado sua missão prioritariamente evangelizadora e missionária para postularem-se como meras instituições sociais, áulicas de chefes políticos e promotores de entretenimento de uma comunidade que não quer ter compromisso com o “tomar a cruz e siga-me”, mas com as programações divertidas ou que a leve a uma reflexão de amor e perdão, mas que não incomode em sua posição de paralisia quanto à ordem de Cristo de evangelizar e discipular todas as pessoas.
considerando esse estado de niilismo da igreja que negligenciou o avivamento e a visao, ouso comparar com um texto classico que me vem a mente enquanto escrevo.Nesse contexto recordo doloroso auto – relato de uma vida sem propósitos que Wilhelm Meister fez , registrado em Citati de Goeth, p.55: “Wilhelm, no final de seus estudos contempla o espetáculo da sua vida e os olhos dele se detêm assombrados numa selva de erros e desvios, semelhantes aos de uma criança incapaz de crescer. Todas as suas experiências lhe parecem um inútil emaranhado de gestos, palavras, ações, passos. Toda a sua existência lhe parece um só erro imperdoável: algo para ser renegado e jogado fora com um gesto”. Há igrejas que poderiam fazer tal tipo de relato tamanho é o grau de inoperosidade e insensibilidade para com o discipulado.
Há, por outro lado, igrejas que vivem um auto-engano global, pois caminham sob a égide da heresia e da manipulação de massas, pois seu rebanho é submetido a um processo de condicionamento e manipulacao ideologica visando mante-lo em condicao de "saude moral" toleravel, pura hipocrisia. aspectos contrários aos do verdadeiro discipulado.
Via de regra, pessoas que se tornaram seguidoras de lideres com objetivos de promoção pessoal quando caem em si da decisão que tomaram entram em um difícil estado de decepção.

o poema a seguir retrata um pouco esse sentimento de decepcao:

Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu...
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara, estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi no espelho, já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que tinha tirado.
Deitei fora a mascara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerencia
Por ser inofensivo.
E vou escrever essa historia para provar que sou sublime.
Fernando Pessoa, Obra poética, pág. 365.

Dominó é uma túnica larga, com um capuz que cobre a parte superior da face, usada para ocultar a identidade em bailes de mascaras.

Uma igreja que perdeu sua missão e visão pode em um momento de profunda anemia espiritual vivenciar as palavras do poeta: “fiz de mim o que não soube, e o que podia fazer de mim não o fiz”.

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